Não são os que lutam o número ideal que deveria ser, é verdade. Mas são essas pessoas que lutam que nos orgulham e fazem com que nós jamais desistimos. São essas pessoas que nos enchem de esperança de que um dia os outros poderão ser iguais a elas. É colega com deficiência visual que não arreda o pé do movimento, é o colega que viaja 500 km para se juntar ao grupo na capital, é o colega que não tem medo de corte de ponto... Temos exemplos de coragem e de vontade de vencer.
E aos que passam uma vida inteira impunemente sem lutar pela sua própria carreira, sem nunca ter contribuído com um mísero vintém para a organização sindical, aos que ficam à sombra da luta alheia, aos que temem o sol, a chuva, as caminhadas, as caravanas, aos que não descem um lance de escada para receber seus colegas que vêm de longe, aos que viram o rosto, aos que rasgam e embolam os informativos do sindicato, aos que fixam os cartazes de greve dos juízes, mas que jamais ousam pregar os cartazes da greve de sua própria classe, aos que se acham donos e senhores de seus próprios colegas, (os meus servidores!), aos que se acham doutores e muito, muito menos trabalhadores, a esses deixamos uma mensagem de alento de que enquanto o pulso pulsar, enquanto estivermos respirando, enquanto ao sindicato restar o último centavo para gastar na greve, nós vamos lutar por todos, não vamos nos render, isso mesmo: nós vamos lutar por você também, colega.
Você mesmo que está aí sentado, trabalhando, deixando tudo em ordem no seu trabalho, fazendo bonito para seu chefe, pois assim quem sabe poderá ganhar uma retribuição por sua extrema dedicação, ou quem sabe ainda herdará a função daquele que foi para o movimento. Nós vamos lutar por você, colega, mesmo que você ache que nada está acontecendo em sua volta e que esteja tudo muito bacana. E mesmo que você ache que sua atitude é a correta, respeitamos essa decisão, embora achamos equivocada, e mesmo assim nós vamos continuar lutando por você.
Afinal, nosso lema é continuar lutando a ter que um dia arrepender-se de não ter lutado na hora certa. Mesmo que preguemos no deserto, mesmo que a nossa fala terá que se ouvir daqui a mil anos, não vamos nos cansar. Aqui estamos fazendo nossa parte e o sindicato fazendo a parte dele, faltando apenas você fazer a sua parte. A história costuma ser impiedosa e implacável com os que não lutam. Quem renega a luta por melhorias de seu salário, está renegando o sustento familiar, está abrindo mão de uma educação melhor para seus filhos, está privando-se de uma merecida viagem de descanso. Antes de mais nada, antes de termos amor à nossa carreira, temos que ter amor ao futuro dos nossos filhos. É preciso ter coragem, é preciso ter gana sempre, é isso que seus filhos devem esperar de você. Transmita esse legado, mas não, não passe o tradicional legado da nossa sociedade de desmobilizados, de derrotados e apáticos, de cabisbaixos, de vassalos, que a tudo aceita passivamente. Como diria o poeta: hoje entram em nosso jardim para nos roubar a flor e matar nosso cão, e nós não fazemos nada; até que um dia, conhecendo nosso medo, nos arrancam a voz da garganta, e já não podemos dizer mais nada.
Amanhã, colega, você não terá somente contas a acertar com sua carreira qu e está indo para o ralo diante de sua anêmica participação, você terá mais: terá contas a ajustar com seus filhos, com sua família, terá contas a acertar com os próximos anos de sua vida diante da corrosão salarial provocada pelos anos de inflação. Se você não acordar agora, amanhã terá sido tarde demais.
Daqui a 10 anos nos ameaçam seriamente em sermos uma categoria em frangalhos. Vamos esperar por isso?
E se isso acontecer, registre aí: seremos nós, tão somente nós, os grandes culpados. Não é o Governo, não é cúpula do Judiciário, não é Congresso...Esses fazem o jogo deles, nós é que não fazemos a nossa parte. Na vida merecemos por aquilo que fazemos. Nossa reposição salarial será do tamanho da nossa luta. Fica então dado o alerta.
Abraços e vamos à luta, que ainda dá tempo de você entrar no movimento, junte-se a nós!
Servidores do Poder Judiciário Federal de Goiás em greve - Dezembro de 2011