Sérgio Eduardo Arbulu Mendonça foi nomeado pelo Ministério do Planejamento secretário de Relações de Trabalho no Serviço Público. Ele substituirá Duvanier Paiva, que morreu em janeiro, na função de principal representante do governo nas negociações salariais com os servidores. Mas sua missão não será fácil. Após mais de um mês sem um interlocutor na Esplanada, o diálogo com o funcionalismo ficou parado e a categoria promete iniciar uma greve generalizada já no mês que vem. A despeito das ameaças, o Palácio do Planalto não retrocede. Continua em vigor o alerta da presidente Dilma Rousseff, de que não há recursos para reajustes em 2012.
Mendonça é um homem habituado às negociações com servidores. No governo Lula, foi secretário de Recursos Humanos, além de já ter passado pela diretoria do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Na avaliação de Antônio Augusto de Queiroz, analista político e diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Mendonça foi o melhor nome que o governo poderia ter escolhido.
"É uma pessoa com vasta experiência na área. Tem conhecimento das entidades sindicais, das demandas e dos processos deixados por Duvanier e, portanto, deve assumir, dando continuidade ao trabalho que vinha sendo feito, sem a necessidade de um longo período para ficar a par das questões", observou.
Representantes das centrais sindicais se reunirão hoje com o novo secretário para retomar as negociações. Sérgio Ronaldo, secretário de comunicação da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), adiantou, contudo, que os prazos estabelecidos pela categoria permanecem e a greve pode ser deflagrada em abril. "Agora, o governo tem condições de dar mais celeridade ao diálogo com os servidores. Queremos um tratamento adequado, após mais de um mês sem conversas", afirmou. Entre as reivindicações, estão a definição de uma data base para os servidores e o cumprimento de acordos assinados em 2010.
Mobilização
Para o próximo dia 15, os servidores prometem r ealizar o Dia Nacional de Lutas em todo o país, quando funcionários do Executivo, do Legislativo e do Judiciário farão assembleias e promoverão atividades de mobilização. O objetivo será preparar uma grande marcha, em Brasília, no dia 28.
A base da Condsef, que congrega 80% dos servidores do Executivo Federal, realizará também, no início de abril, uma plenária com a participação de representantes de todo o país. De lá, sairá uma decisão sobre a greve. Para a entidade, caso Mendonça não promova avanço no processo de negociação com os servidores, a paralisação será o caminho natural da luta da categoria pelo atendi mento de suas reivindicações.
Entre os servidores do Judiciário, apesar de a negociação ser feita diretamente entre os poderes, sem que os sindicatos se sentem à mesa com o governo, a nomeação de Mendonça foi bem recebida. "Esperamos que ele atue como um interlocutor, para levar as propostas dos servidores à ministra Miriam Belchior", declarou Jailton de Assis, diretor de Finanças do Sindicato dos Servidores da Justiça do Distrito Federal (Sindijus-DF). A pauta de mobilização da categoria é pela aprovação do Projeto de Lei nº 6.613/2009, que trata da reestruturação de carreira no Judiciário.
Fonte: Correio Braziliense