IBGE revela que Estado tem o maior número de cargos em comissão do Brasil e que 50% dos servidores só têm o ensino fundamental
A pesquisa do IBGE mostrou que Goiás possui o maior número de funcionários comissionados na administração direta (secretarias, agências e órgãos ligados ao governo) em todo o país, mesmo comparado a Estados que possuem mais servidores públicos e com maiores populações. São 7.264 servidores, contra 2.138 no Rio Grande do Sul, 1.657 em São Paulo e 5.367 no Rio. Até mesmo o Distrito Federal, que historicamente possuía a maior concentração de não efetivos, devido à alta rotatividade parlamentar, ficou atrás, com 6.464 comissionados.
O levantamento mostra que os Estados que investem menos em concursos acabam partindo para a maneira mais simples de contratação, de acordo com o interesse do gestor. “A realização de pesquisas no âmbito estadual, assim como a sua articulação com as informações municipais e federais, permitirá um diagnóstico mais preciso quanto à qualificação das gestões, segundo a sua esfera e ao longo do tempo”, avalia o IBGE.
COMISSIONADOS SÃO OS MENOS QUALIFICADOS DO PAÍS
Os servidores públicos comissionados do Estado de Goiás são, proporcionalmente, os menos qualificados do Brasil, de acordo com a pesquisa Perfil dos Estados Brasileiros – Estadic 2012 – do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quase 50% dos 10.177 funcionários em cargos de confiança cursaram apenas o ensino fundamental, nunca foram à escola, ou se foram, não concluiram a 1ª série.
Considerando o total de 107.157 servidores em atividade no final de 2012, 16.375 (15,28%) estão na mesma situação, com pouca ou quase nenhuma instrução. De forma geral, o quadro da distribuição dos funcionários das administrações estaduais reproduz as desigualdades de escolaridade estruturais existentes entre as unidades da Federação, explica o IBGE.
No caso dos servidores efetivos, nenhum aparece sem ter, pelo menos, concluído o ensino fundamental, exigência mínima para aprovação em concurso público de provas e títulos. Já a maioria, 54.797, entrou no serviço público estadual com algum curso superior ou concluiu os estudos até o final de 2012 (confira detalhes no quadro).
O quadro de servidores sem vínculo permanente (temporários, prestadores de serviço e autônomos), é o que apresenta, proporcionalmente, o maior número de pessoas com mais qualificação. A explicação é a destinação da mão de obra, pois a maioria ocupa funções específicas, como de professores substitutos, profissionais da área da saúde e outros que exercem funções para suprir necessidades emergenciais.
Em contrapartida, o Estado está entre as maiores proporções de cargos ocupados por pessoas com nível superior ou pós-graduação. Goiás aparece em terceiro lugar com 63,2% (67.724 servidores), atrás de Santa Catarina com 74,3% e São Paulo que tem 68,4% de servidores melhor qualificados. Os goianos estão acima da média nacional, que é de 53,5% com nível superior ou pós-graduação, ou 1,4 milhão de servidores.
Os dados do IBGE demonstraram ainda que o quantitativo de recursos humanos nas administrações direta e indireta totalizava 3.128.923 pessoas, o que representa 1,6% da população estimada do Brasil para o mesmo período, cujo total era de 196.526.293 habitantes.
A pesquisa mostrou também os maiores porcentuais de pessoas ocupantes de cargos públicos em relação à população residente. Em Goiás, o número de servidores públicos estaduais corresponde a 1,74% da população, de mais de seis milhões de habitantes. Em primeiro lugar está o Distrito Federal, com 5%. Em contrapartida, os menores porcentuais se encontravam nos Estados do Ceará, com 0,7%, e da Bahia, com 0,9%. A reportagem procurou a Segplan para comentar os dados, mas não obteve retorno.
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Fonte: notícia reproduzida do jornal O Popular, 16/03/2013.