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Por *Aurélio Gomes de Oliveira

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Não é de hoje que a Fenajufe sofre uma crise de distanciamento da base de sindicalizados, que veio a se agravar nesses tempos de crise econômica.  A intensa mobilização dos sindicatos em junho e julho de 2015, que culminou com a maior greve já vista no Judiciário da União e com o último Plano de Cargos e Salários em 8 (oito) parcelas foi a última campanha de destaque do qual participou a Federação. Vaidades pessoais passaram a ocupar um protagonismo e a ausência de ações uniformes de engajamento efetivo no que seria um consenso comum entre os servidores da base preponderaram. Lamentavelmente, o que estamos vendo e nunca imaginou-se que veríamos tamanha a gravidade que se apresenta é a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária do maior sindicato dos servidores do Judiciário Federal do Brasil  para deliberar se continua ou não na Fenajufe.

Perdeu-se tempo precioso com discussões estéreis em cada Plenária e em Congrejufes e esqueceu-se de que os líderes mundiais não dão a mínima para o que a Fenajufe pensa ou resolve em seus Congressos e Plenárias. Aliás, o que é mesmo Fenajufe?, diria cada um deles se alguém lhes apresentasse alguma dessas deliberações.  Uma diretora financeira da Federação informou que se dois grandes sindicatos deixassem de integrá-la, ela não teria mais como existir e que as suas despesas, hoje, superam as receitas. A situação parece ser mais grave: se o Sindjus - DF, com quase dez mil filiados deixar a Fenajufe, não há muita perspectiva da Federação continuar a se sustentar. O momento é gravíssimo, tendo em vista a realização dessa Assembleia na próxima terça-feira, que demonstra o elevado grau de insatisfação dos filiados com seus dirigentes nacionais.

Urge repensarmos e refundarmos a Fenajufe, sob risco de termos a criação de uma outra Federação com os sindicatos dissidentes.  É lamentável que uma Federação de cerca de 27 anos não tenha, até hoje, um registro sindical. Mas é necessário, nos tempos modernos, que propostas sejam apresentadas de forma clara e objetiva, com o senso tão somente de contribuições e levar todos a uma reflexão. Uma vez que ainda vivemos um período de fraca atividade econômica e déficit fiscal, com os economistas de ultradireita demonizando mais uma vez os servidores públicos nacionais e em que não há espaço, no momento, para Planos de Cargos e Salários individuais para a categoria, porque não empenharmos num engajamento conjunto de milhões pela data-base, um vez por ano, baseada em índice que melhor reflita a inflação de fato do ano anterior. Além das suscitadas acima, podem ser destacadas outras propostas no âmbito interno da Fenajufe para serem levantadas para a Reforma Estatutária da Federação no próximo Congrejufe, a seguir:

1-) Redução do número de integrantes da Diretoria Executiva da Fenajufe de 30 membros (atuais – aproximadamente) para entre 6 e 10 membros, em sistema colegiado puro como é hoje em muitos sindicatos. Por termo a essa história de correntes ideológicas e partidárias se digladiando e “puxando o tapete” uma da outra, bem como, brigando por cargos executivos. É melhor ser oposição por dois anos que fingir que manda em uma Diretoria menor com um grupo minoritário e não ter efetividade, ou seja, não levar para frente os Planos de Atuação;

2-) Redução do mandato da Diretoria da Fenajufe de três anos para dois anos, como o são os cargos de  direção dos Tribunais Nacionais;

3-) Criação de um Colegiado Representativo com o restante dos cargos da Fenajufe, ficando a direção da Fenajufe a cargo tão somente dos Coordenadores Gerais (3 membros) e Coordenadores de Finanças (2 membros); Diretor de Organização e suplentes, em sistema colegiado puro (chapa única vencedora). Este Colegiado Representativo seria proporcional às tais correntes da Fenajufe para autorizar alguns atos mais importantes com cerca de 20 membros, colegiado inferior, hierarquicamente, no entanto, à Reunião Ampliada, à Plenária e ao Congrejufe, mas tendo função decisória e podendo decidir, por Plenário Virtual, de suas próprias localidades;

4-) Eleição dos membros da Diretoria da Fenajufe em fevereiro ao invés do final de abril, logo no início do mês, salvo quando coincidir com o Carnaval, quando deverá se dar na semana subsequente para que assumam o mandato quase coincidente com o ano fiscal, ou novembro do ano anterior para assumir em janeiro do ano seguinte;

5-) Poderia ser convocado Congrejufe Extraordinário subscrito por 1/3 (um terço) dos sindicatos filiados para abrir processo por responsabilidade contra a Diretoria eleita que agisse ostensivamente com intuito político-partidário, de aparelhamento ideológico ou com desídia no cumprimento da Plataforma de atuação pela qual foi eleita a chapa, bem como que tenha agido com improbidade, desde que reconhecido pela maioria dos delegados presentes à Plenária, devendo ser eleito em Congrejufe extraordinário e exclusivo outra Diretoria para concluir o mandato (caso se transforme em eleição direta, seria necessário dois terços dos votos dos delegados presentes para fins de destituição da Diretoria da Fenajufe);

6-) Estruturação dos sindicatos e implementação por eles, em dois ou quatro anos  no máximo, de suporte eletrônico e de divulgação para passar a eleger a Diretoria Executiva da Fenajufe por votação eletrônica  mediante login e senha individual de cada servidor filiado(chapa única);

7-) Situação que precisa ser modificada é a perda de tempo discutindo conjuntura internacional e legalização do aborto como já ocorreram diversas vezes. Caso queiram os delegados insistir nesse tipo de pauta, que fique grafado no Estatuto a ser modificado no Congrejufe, que a partir de então, a conjuntura internacional será discutida no último dia após a proclamação do resultado da nova Diretoria colegiada da Fenajufe, Conselho Fiscal e do Colegiado Rperesentativo das tendências. Finda-se a história da perda de tempo imensa com discussões estéreis.

O que se propõe aqui é uma Fenajufe reformulada e refundada para o servidor público. Defende-se que devamos apoiar, sim, quem se candidata a um cargo no Congresso Nacional, pois é necessário que tenhamos uma bancada de servidores da mesma forma que existe a bancada “dos evangélicos”, “da bala”, “do agronegócio”. Somos milhões de servidores nos três Poderes e nas três esferas da Federação que precisam de data-base, correndo risco de perdermos a estabilidade em joguetes políticos. Aliado a isso, são muitos empregados e servidores federais, estaduais e municipais perdendo seus Planos de Saúde e seus Institutos de Previdência. Contudo, sem utilizar a Fenajufe para pretensões eleitoreiras individuais. É válido e louvável a candidatura para nos defender e propor a nosso favor, dentro do Congresso Nacional, desde que se licenciem dos cargos executivos da Fenajufe para não a vincularem a seus partidos políticos.

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Aurélio Gomes de Oliveira - analista judiciário na Justiça Federal de Goiás e ex vice-presidente do Sinjufego

Obs.: A opinião expressada aqui é exclusiva do seu autor

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