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Com crescimento pífio, apesar de incentivos fiscais, a economia não decola, o Governo Dilma pode entrar para história como os anos perdidos nos quais nunca se bateu tanto em servidores públicos para conseguir Ibope

Por João Batista

Com o resultado decepcionante do PIB em 2012, de apenas 0,9%, o pior entre os países componentes do bloco econômico dos Bric’s (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), somente vem comprovar que o arrocho salarial imposto à classe média, em especial à pauta negativa do Governo em relação às reivindicações do conjunto dos servidores Públicos Federais, contribui para que a economia não deslanche, pois a queda no poder aquisitivo de compra provoca um círculo vicioso: sem encomendas, decorrente também do endividamento da população, as fábricas não se capitalizam para os investimentos necessários ao aumento da produção. Apesar de nunca ter se desonerado tanto os custos de produção. Desculpa sobre a crise mundial não pode ser invocada uma vez que outros países na mesma situação cresceram mais que o Brasil.

Ao penalizar a classe média nesses 2 últimos anos, o Governo do PT incorre num erro primário: não será tirando da classe média que se acabará com a pobreza em nosso País. Tanto é que em 2012 o crescimento do PIB per capita foi de irrisório 0,1% (PIB per capita é o produto interno bruto, dividido pela quantidade de habitantes de um país, e é usado como indicador, pois quanto mais rico o país é, mais seus cidadãos se beneficiam). A classe média, como em todo mundo, é a mola propulsora, o carro-chefe que puxa o crescimento econômico, achatar esse segmento social para que o outro segmento se aproxime é o mesmo que querer nivelar por baixo. São as classes sociais mais baixas que devem ser alçadas à classe média, e não o contrário.

Ao que parece o ano de 2013 caminha na perspectiva de uma economia estagnada, e com a corrida presidencial já deflagrada, os 2 anos restantes do Governo Dilma podem estar indo para o buraco. Nesse período a política paternalista vai aumentar e o chicote vai correr solto nas costas dos servidores públicos: nunca antes na história deste país bater em servidor público rendeu tanto Ibope. O pacote de maldades já foi aberto há algum tempo: fator previdenciário de 95/105 (o pé na cova do servidor), previdência complementar e congelamento salarial por 10 anos, sem contar o endurecimento com os movimentos grevistas.

E fica um recado para a retomada da campanha salarial dos servidores públicos federais: se não houver na pauta ataque frontal e aberto ao atual modelo econômico adotado pelo governo do PT contra o conjunto dos servidores públicos, tal como já fora feito, e com acerto, na época do PSDB, o resto será perda de tempo, perfumaria e teatro de marionetes.

Qualquer que seja a cor do partido governista, Sindicatos e Centrais têm que ser coerentes e compromissadas com os interesses de seus representados, o que parece ser o óbvio ululante. Atual lua-de-mel com o governo petista, com direito a beijinhos, declaração de amor eterno e outras coisas mais, tem que acabar e partir para a separação, com divisão de bens, sendo os servidores públicos colocados como o maior patrimônio a ser tutelado por suas entidades representativas. Esse modelo de casamento, entre sindicatos e partidos já está há muito esgotado, e que vem ainda da era getulista, não cabe mais no século XXI. Ou será que parte dos sindicatos e das centrais já se prepara para sair às ruas para fazer campanha a favor dos algozes de seus filiados?

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João Batista é presidente do Sinjufego


 

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