Bancários, metalúrgicos e petroleiros cruzam os braços por tempo indeterminado. Eles querem aumentos reais.
Foto: Karoline Fernandes / JC News
Trabalhadores de vários setores essenciais rejeitam as propostas de reajuste salarial abaixo da inflação e pressionam empresas e órgãos públicos com a paralisação das atividades. Os bancários cruzaram os braços por tempo indeterminado, na quarta-feira. Metalúrgicos iniciaram ontem o movimento grevista. Petroleiros vão parar por 24 horas, em 3 de outubro, data em que a Petrobras completa 60 anos. E parte dos funcionários dos Correios (ecetistas) manterão os braços cruzados até que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) julgue o dissídio coletivo da categoria.
A Federação dos Petroleiros (FUP) fará assembleia para decidir sobre a retomada das negociações com a empresa, a partir de 23 deste mês. As ações incluem também o Dia Nacional de Lutas contra o leilão do campo de Libras, em Santos, acampamentos no Rio e em Brasília e marchas nas principais capitais. A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect) informou que 29 bases sindicais em todo o país estão paralisadas.
Cada grupo tem reivindicações específicas. Os itens comuns são aumento real das remunerações e retirado da pauta do Congresso Nacional do Projeto de Lei 4.330, que incentiva a terceirização em todos os setores. Os bancários rejeitaram a proposta da Federação dos Bancos (Fenaban) de 6,1% de aumento sobre os vencimentos. Eles querem 11,93%, além da contratação de mais funcionários.
Ontem, deixaram de funcionar pelo menos 6.145 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados em 26 estados e no Distrito Federal. De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), foram 1.013 unidades paralisadas a mais que no primeiro dia da greve do ano passado, quando 5.132 aderiram ao movimento.
Com a paralisação, serviços como depósitos, recebimento de cartões e pagamentos nos caixas presenciais estão suspensos. No Distrito Federal, 70% das instituições estão fechadas, segundo o Sindicato dos Bancários. Nem a agência da Caixa, dentro do Palácio do Planalto, escapou. Em várias, também os caixas eletrônicos não funcionam.
Contas
A atendente de telemarketing Claudia Oliveira, 38 anos, não pode pegar o novo cartão da conta corrente nem sacar dinheiro para pagar as contas de água e de luz. “Já fui a quatro agências para tentar pelo menos pegar meu dinheiro e nada. Agora, estou sem saber o que fazer”, afirmou. Humberto Barros, 39, também ficou do lado de fora. Precisava fazer um depósito e não sabia da greve. “A agência estava fechada. É um absurdo isso”, indignou-se. Barros disse que está muito preocupado e confessou que tem receio de usar a internet para transações financeiras.
Para tentar evitar que o cliente pague o preço da queda de braço entre empregados e patrões, Jeferson Meira, do Sindicato dos Bancários, contou que, em todas as agências, os clientes são orientados a usar meios alternativos. “Algumas transações podem ser feitas pela internet ou caixa eletrônico. Assim, estamos conversando com todas as pessoas que param na porta dos bancos”, destacou.
Segundo a Associação de Consumidores (Proteste), os consumidores devem ficar atentos às datas de vencimento das contas, para evitar a cobrança de juros. Quem não estiver com o cartão para uso nos caixas eletrônicos pode recorrer a agências lotéricas e lojas de departamentos.
Unidos pelo protesto
Vários sindicatos estão se unindo para ampliar os protestos por reajustes acima da inflação. Mais de 360 mil metalúrgicos paulistas filiados a três centrais sindicais unificaram a campanha salarial e fazem paralisações conjuntas. O Dia Nacional de Lutas contra a privatização do campo de Libras — a maior descoberta do pré-sal — é uma bandeira dos petroleiros, mas terá a participação dos metalúrgicos, bancários e funcionários dos Correios, entre outros.
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Fonte: Correio Braziliense