A despeito do clima de incerteza na economia, por
causa das eleições presidenciais, os servidores públicos e os aposentados e
pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) continuam se
endividando. E muito. Dados do Banco Central mostram que, apenas neste ano, os
débitos do funcionalismo no crédito consignado aumentaram R$ 8,4 bilhões,
totalizando, em setembro, R$ 184,6 bilhões.
Entre os segurados do INSS, o crescimento das dívidas
com consignado nos nove primeiros meses do ano foi de R$ 10,1 bilhões, ou seja,
mais de R$ 1 bilhão por mês. No total, aposentados e pensionistas devem aos
bancos, apenas nessa modalidade de crédito, R$ 126,3 bilhões, também valor sem
precedentes na série histórica do Banco Central.
Segundo os especialistas, os bancos veem esse público
como de baixíssimo risco, uma vez que o contracheque é garantido. Ou seja, o
risco de calote é mínimo. O que precisa, acrescentam, é alertar contra o
superendividamento. Há casos entre servidores que as dívidas, incluindo o
consignado, engolem até 80% do salário líquido.
Entre os aposentados e pensionistas do INSS, o pior
está na pressão que familiares exercem sobre os idosos, para que façam dívidas.
Muitos desses idosos, por sinal, são vítimas de violência. Há filhos e netos
que espancam os segurados do INSS para que entreguem as senhas bancárias.
Registros não faltam nas delegacias de polícia.
Chama a atenção ainda, no caso dos aposentados e
pensionistas do INSS, a relação incestuosa entre os bancos e o órgão público.
Muitas pessoas que dão entrada em pedidos de aposentadorias sabem primeiro
pelos bancos que os processos foram aprovados. Recebem uma enxurrada de telefonemas
oferecendo empréstimos.
Os órgãos de defesa dos consumidores estão atentos a
esses abusos. E recomendam aos que se sentirem aviltados pelos bancos que
denunciem abusos. Muitos não entendem como seus dados foram parar nas mãos de
instituições financeiras nos quais nunca tiveram conta-corrente.
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Com informações do Correio Brazilinse