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No mês em que a capital goiana completa 80 anos, uma das mais jovens do País, Goiás esteve na mídia de uma forma negativa, de novo. Na edição do dia 16, O POPULAR trouxe em uma das suas manchetes o resultado de pesquisa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) – Justiça em Números. O relatório é divulgado anualmente e traz uma radiografia detalhada do Judiciário brasileiro. Trata-se de um importante avanço alcançado nos últimos anos.

No documento, Goiás foi apontado como um dos dez Estados do Brasil onde os magistrados tiveram baixa produtividade e houve alta taxa de congestionamento de processos, com quase 3 mil processos para cada um em 2012. E o pior é que quase a metade deles terminou o ano sem solução.

Os números revelam que a morosidade da Justiça se agravou em Goiás. Resultado: demandas que levam anos, décadas, para serem resolvidas. É culpa apenas do juiz? Claro que não. Apenas aumentar o número de juízes resolveria o problema? Também não. Muito embora isso em Goiás seja efetivamente urgente.

A estrutura do Poder Judiciário, sobretudo a de primeiro grau, deve ser fortalecida. É imprescindível que se aumente também a quantidade de servidores e que se façam altos investimentos na desburocratização e digitalização dos processos.

Em recente entrevista, o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Furtado Coêlho, foi tachativo: “Os recursos hoje estão concentrados no segundo grau, enquanto eles devem ser direcionados à primeira instância para dar mais celeridade aos processos”.

Esse quadro de morosidade não prejudica apenas os direitos fundamentais do cidadão, pois vai muito além, já que atinge em cheio a economia do Estado. A ineficiência judiciária pode vir a afastar investimentos de multinacionais e, consequentemente, ocasionar a queda na geração de empregos e diminuição da renda e do próprio PIB goiano.

O sistema que opera a Justiça precisa ser reestruturado: mais servidores, mais estrutura e informatização dos processos, dentre outras ações que precisam ser levadas para um debate aberto e amplo com a própria sociedade, afinal, nós, os chamados operadores do direito, temos todos que procurar urgentemente dar nossa contribuição, sob pena de, em futuro muito próximo, vermos a concretização do colapso total do funcionamento do Poder Judiciário, mormente no primeiro grau, que é exatamente onde os litígios se iniciam e onde a maioria deles se resolve.

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Miguel Ângelo Cançado é advogado, conselheiro federal da OAB por Goiás e membro do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional

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