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Por João Batista*
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O sistema é bruto. R$ 84 bi de isenção previdenciária para o setor agroexportador, liberação de R$ 2,5 bi para emendas parlamentares, propaganda da FIESP, da Globo, do Ratinho, do Silvio Santos, da Record, transição de 17% de pedágio para os militares e redução da idade mínima dos policiais federais... Foi tudo um balcão de negócios no mais alto estilo do fisiologismo, do toma lá dá cá, do dando que se recebe, justamente as velhas práticas que a "nova política" prometia combater.

Também é preciso dizer que a Reforma da Previdência foi aprovada de forma fácil, sem dar um único tiro de bala de borracha, sem jogar gás lacrimogêneo. Porque não tivemos grandes manifestações na praça dos Três Poderes. Não tivemos relevantes mobilizações de rua. É necessário, portanto, fazer essa avaliação.

Tal apatia advém, em parte, da lua de mel com o atual Governo. Ainda que a Reforma da Previdência seja ruim para a classe, muitos servidores apoiaram a proposta do presidente Bolsonaro. Deram um cheque em branco, optando colocar a questão ideológica acima da pauta da categoria. A mesma postura que já foi muito criticada nos Governos anteriores.

Nós, do Judiciário Federal, por exemplo, não cercamos, não ocupamos o Congresso Nacional como em 2015. Onde foram parar as vuvuzelas? Onde estão os parlamentares amigos do Judiciário?

O Governo vai tomar gosto, vai ficar mal acostumado. Se conseguiu aprovar a mais difícil das Reformas, o que dirá de outras Reformas que cairão, como blocos de pedra, nas cabeças dos "privilegiados" servidores públicos?

Daí que não precisa ficar com esse ar de surpresa, com essa cara de desavisado, pois não há nenhuma novidade com o placar da Reforma da Previdência. Tudo muito previsível e coerente no contexto de uma política reducionista da presença do Estado.

O atual Governo vai contar com o apoio e compreensão da categoria (e haverá esse apoio, pode ter certeza disso) para redução de salários e demissão dos servidores públicos.

Afinal, o pacote de desmonte do serviço público iniciado com a Terceirização e a Reforma Trabalhista está sendo retomado.

Nós, servidores, somos a bola da vez, estamos na marca do pênalti. Não esperem apoio da sociedade nem da Administração. Só podemos contar com nós mesmos, mas somente se estivermos unidos em torno da manutenção dos nossos direitos. É isso: estamos na era de lutar pela manutenção de direitos, e não de conquistar direitos. Essa é a dura realidade

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João Batista* é servidor do TRE-GO, diretor do Sinjufego e ex-coordenador da Fenajufe

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